sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Incessável Roda Gigante.


Meia noite e meia de uma sexta feira: horário e dia da semana propícios para um intermitente desabafo.
Agarrada ao cobertor, me conforto por encontrar-me exatamente aonde queria estar. Apesar de todo o cansaço provocado pelos afazeres dos dias antecedentes, sublimes lembranças me levam a juntar palavras e significá-las, introduzindo porcentagens de sentimento em cada uma delas.
É sempre na calada da madrugada que sintomas nostálgicos repentinamente me invadem. Fecho os olhos e consigo ver, mesmo que fora de foco, a imagem de uma garotinha com laços no cabelo e vestido rodado, ambos em tom de rosa claro. Mais parecia uma bailarina, que mesmo sem traçar qualquer movimento, despertava suspiros dos que a avistavam. Assim era ela: repleta de mimos e sempre protegida, cercada, impedida do perigo.
- Pena que um dia eles crescem. Já dizia mamãe.
Só hoje consigo parar e refletir alguns dos acontecimentos marcantes da longa caminhada que trilhei até o presente momento.
Entram em cena memórias das mudanças, das vitórias e das derrotas... inevitáveis ao longo do trajeto. Talvez eu saiba tão pouco da vida como quando usava laços no cabelo. A única convicção que tenho é da inexistência de estabilidade: Viver é cair e levantar, perder e ganhar, significar e ressignificar. Um trânsito de contrariedades, uma incessável roda gigante.
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(FERRARI, Jaqueline 2009)
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